Dj Each - Turnês de Conscientização Social e os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio
1- Minha participação:
Para contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, organizei turnês com Dj Each, Francês baseado em Londres, relacionadas a campanhas de conscientização social no Brasil e na Europa, visando atingir o público jovem.
Nasci em São Paulo – capital, e sei exatamente como é viver com medo da violência com armas. Perdi duas amigas, ainda quando eram adolescentes, através de violência armada e todo mundo sabe que armas de fogo são as maiores causadoras de morte entre jovens no Brasil.
2- Envolvimento internacional:
Me filiei a agência internacional de direitos humanos (Oxfam GB) como voluntária para trabalhar nas campanhas humanitárias com fins de erradicar a pobreza e o ciclo de violência, não só no Brasil, mas no mundo todo. Venho angariando apoio público através de petições, inicialmente com a Campanha Controle de Armas, para diminuir a violência, a qual é feita com a finalidade de enriquecer alguns e de manter outros em um ciclo da pobreza.
3- Os 8 Objetivos de Desenvolvimento do Milênio:
Focalizei no primeiro e oitavo Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, que são respectivamente "erradicar a pobreza e a fome extremas" e "desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento".
Acordados entre os 191 países membros das Nações Unidas, em setembro 2000, na Cúpula do Milênio promovida pela ONU – Nova York, os objetivos que devem ser alcançados até 2015, são: http://www.pnud.org.br/odm/
1. Erradicar a pobreza e a fome extremas
2. Alcançar educação primária a nível universal
3. Promover a igualdade do gênero e capacitar as mulheres
4. Reduzir a mortalidade infantil
5. Melhorar a saúde materna
6. Combater HIV/AIDS, malária e outras doenças
7. Assegurar a sustentabilidade ambiental
8. Desenvolver uma parceria global para o desenvolvimento
O Objetivos de Desenvolvimento do Milênio é um pacote de projetos sociais acordados por 191 países e pelas instituições principais de desenvolvimento de todo o mundo. Eles têm como responsabilidade unir esforços para suprir as necessidades dos mais pobres no mundo. Mas nós não temos que nos ater somente às ações governamentais e institucionais. Nós podemos fazer o que for possível, dentro das formas legais, para ajudar a alcançar os objetivos.
4- As Turnês
* Campanhas: Controle de Armas, Comércio Justo e Faça Pobreza Virar História
“A música é uma maneira de enviar a mensagem aos jovens."
A primeira e a segunda turnê do Dj Each ao Brasil, (a segunda coincidindo com o fórum social mundial), trouxe a campanha Controle de Armas as melhores danceterias do Brasil, com uma enorme cobertura da mídia da cena eletrônica Brasileira.
As turnês foram uma forma de dizer aos jovens Brasileiros que a cada minuto alguém no mundo morre por meio de armas de pequeno porte. Também foram uma forma de explicar que no Brasil, de acordo com as Nações Unidas, mais de 500.000 pessoas foram mortas por armas de fogo entre 1979 e 2003.
Eventualmente me uni também a Campanha do Comércio Justo (Trade Fair) e, durante a turnê de Djs realizada na Europa, passei a apoiar também a Campanha Faça Pobreza Virar História (Make Poverty History), ambas associadas aos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
Participação como voluntária na manifestação contra comércio injusto de açúcar Tate&Lyle - 29/07/04 - Londres - GB
Participação como voluntária no Thames Festival - 17/09/05 - Londres - GB
5- Construindo uma de rede de solidariedade:
Para promover as campanhas nos eventos que organizei, contei com a colaboração de voluntários da Sou da Paz, Anistia Internacional, Agir Ici, da própria Oxfam e muitas organizações e sítios da Internet preocupados com questões sociais e culturais, tais como Rattapallax, Jungle Drums, BrazilianArtists.net, rraul, Revista Beatz e muitas outras.
6- Desarmamento e Desenvolvimento Social:
O foco internacional dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio oferece uma oportunidade muito clara para promover a compreensão do relacionamento do desarmamento-desenvolvimento e da necessidade da participação de todas as nações, ricas e pobres, de criar novas políticas e práticas que possam garantir uma vida digna para todos seres humanos em todo o mundo.
Países em desenvolvimento, com menos despesa com comércio de armas por parte do governo, dentro da nova proposta de diminuição de comércio de armas entre governos (ONU 2006), terão mais condições financeiras de investir no campo social. Um pais com menos violência urbana poderá atrair mais investimento internacional e poderá, em conjunto com outros projetos sociais, alcançar um estado de estabilidade econômica. Melhoras no sistema de educação, criação de mais universidades com acesso fácil para todos, oportunidade de emprego, programas de reintegração a sociedade para menores infratores e ex-presidiários, reforma presidiária, reforma agrária, moradia (um novo e justo sistema de posse de terra), um sistema eficiente da saúde e a luta contra corrupção são as bases para a construção de uma sociedade igualitária e pacífica.
7- Referendo sobre Comércio de Armas no Brasil:
As Nações Unidas exigiu que formuladores da lei Brasileira aprovassem planos para um referendo em outubro 2005, com a finalidade de proibir a venda de armas de fogo no Brasil, porque está muito claro que a disponibilidade legal e o uso de armas de pequeno porte podem contribuir à violência, ao crime e a bandidagem, assim destruindo a probabilidade de uma paz duradoura e de uma estabilidade social.
O referendo sobre o controle de armas, 23 de outubro 2005, será a primeira votação nesse sentido a nível nacional no mundo e, se o povo Brasileiro votar por um controle mais rígido de comércio de armas, poderá ajudar a reduzir a violência nas ruas do Brasil e isso servirá como um exemplo para outras sociedades.
8- Decisão do TSE:
O Tribunal Superior Eleitoral Brasileiro (TSE) não autorizou seus cidadãos, que vivem fora do pais a votarem para o referendo, talvez por uma falta de tempo em organizar tal esquema de votação em suas embaixadas espalhadas pelo mundo. O fato e que estes brasileiros, que saíram do Brasil por alguma razão (muitos para procurar uma vida melhor), têm muito mais interesse nos resultados de um referendo como esse, que poderia decidir seu retorno ao Brasil.
A maioria de "SIM" no referendo decidirá o fim do comércio de armas no Brasil. Sem controle restrito, tais armas continuarão a abastecer o conflito violento, o estado de repressão, o crime e o abuso doméstico. Entretanto, se o "NÃO" for a maioria, uma segunda fase de votação, incluindo os brasileiros que vivem no exterior, seria necessária para trazer a paz e a prosperidade à sociedade Brasileira.
9- Quem é contra e quem perde com o “SIM”:
A indústria de armas Brasileira é a sexta maior do mundo, e sua forte campanha tem no passado obstruído qualquer tentativa de mudança de lei. Também os maiores fornecedores de armas ao Brasil como por exemplo os Estados Unidos, Inglaterra e França, seriam lesados. De acordo com a BBC de Londres, pelo menos mais de 50 referendos sobre o controle de armas foram criados anteriormente, mas o congresso Brasileiro falhou em aprová-los. Mas empresários Brasileiros poderiam investir em outra área, que não fosse a bélica, para ajudar o pais a crescer, e não somente suas contas bancárias.
10- Comércio de armas ilegal é caso de polícia a nível internacional:
Críticos do referendo dizem que a proibição não evitará que criminosos comprem armas de forma ilegal, enquanto privará cidadãos simples dos meios se defenderem. Mas esta é uma outra luta, que as polícias Federal e Civil Brasileiras já começaram a combater - o crime organizado.
"O Centro Regional de Treinamento em Segurança Pública para a América Latina e Caribe (TreinaSP) concluiu seu Primeiro Treinamento Nacional de Enforçamento de Lei Sobre Armas de Fogo que são traficadas ilicitamente (I TREINAR) na cidade de Foz de Iguaçu em 8-19 agosto, 2005. O curso foi destinado à Comunidade de Enforçamento de Lei Brasileira e incluiu a participação de oficiais da Argentina, do Paraguai e do Uruguai. http://www.unlirec.org/
O curso é o resultado de uma parceria estabelecida pelo Governo Brasileiro, através da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do Ministro da Justiça sob o Projeto da Segurança do Cidadão, com o programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (UNDP).
É uma iniciativa colaborativa que recebe também o apoio técnico da Organização Internacional de Polícia Criminal (INTERPOL), da comissão Inter-Americana do Controle do Abuso de Drogas (CICAD) da Organização dos Estados Americanos (OAS), da Universidade das Nações Unidas para a Paz (UPEACE) e do Centro Regional das Nações Unidas para a Paz, Desarmamento e o Desenvolvimento na América Latina e Caribe (UN-LiREC)." (Departamento da ONU para os casos do Desarmamento - DDA).
É ótimo que a polícia Brasileira esteja se preparando, pois precisamos de agentes qualificados profissionalmente e psicologicamente, bem pagos e satisfeitos por exercerem uma atividade que tem como princípio inspirar segurança dentro da comunidade. Propriamente munidos para enfrentar e desmantelar toda e qualquer atividade ilícita, seja nos morros, cidade ou no campo. Precisamos Agentes prontos para desarmar criminosos instalados nas favelas, agentes preparados para enfrentar ciminoso que atacam civis quando param nos semáforos, instalação de um sistema de vigilância eletrônica mais eficiente, patrulhas cuidando moradores de todos os bairros, ricos ou pobres, e também desarmar fazendeiros e militantes do Movimento Sem Terra, para garantir que pessoas que lutam por justiça, como Chico Mendes, Dorothy Stang e muitos outros, não percam suas vidas em violência armada.
11- Crime organizado e lavagem de dinheiro:
O crime organizado Brasileiro desvia uma quantidade grande de dinheiro ilícito através das entidades financeiras e através de financiadores legalmente licenciados (dados UNODC). A verdadeira atividade destas organizações é a de lavar o dinheiro ilícito, transformando-o em moeda Brasileira, o Real. Parte desse dinheiro é transferido sem saber, "por honestos trabalhadores brasileiros" que vivem no exterior, às suas contas bancárias no Brasil, através de depósito “bancário” efetuado por “agências de envio de dinheiro”, que são, por muitas vezes, utilizadas como faixadas para lavagem de dinheiro. Em contrapartida, este dinheiro transforma-se em “dinheiro limpo”, utilizado pelo crime organizado, que vem a financiar o tráfico de armas, entre outros.
12- Banco do Brasil – dinheiro limpo e seguro, que não financia o crime organizado:
Para evitar esse tipo de ato ilícito é necessário que os trabalhadores Brasileiros que vivem no exterior façam sua decisão correta ao escolher uma instituição financeira para transferir seu dinheiro para suas contas bancárias no Brasil. Em Londres, o Banco do Brasil, em seu papel de instituição financeira idônea, está oferecendo um serviço de transferência (Remessa Fácil) sem nenhuma cobrança, diferentemente de muitas instituições financeiras. O dinheiro pode ser enviado através do Banco Natwest, ustilizando a cotação comercial do dólar, operando dentro das regras internacionais de transferência de dinheiro, o que evita qualquer possibilidade de lavagem de dinheiro, e a remessa chega na conta bancária no Brasil em apenas um dia, sem nenhum risco.
13- Complexidade, Tripartidarismo e Responsabilidade Governamental:
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio requerem uma rede complexa de atividades envolvendo organizações com e sem fins lucrativos, da sociedade civil e dos governos dos países membros das Nações Unidas.
Entretanto, a menos que os governos ajam concisamente para bloquear a propagação de armas no mundo inteiro, mais vidas serão perdidas, mais direitos humanos serão violados, e para mais pessoas será negada a possibilidade de sair da pobreza.
14- Tráfico ilegal, ONU em Nova York 2006 e um novo Tratado de Comércio de Armas:
O controle de comércio de armas e necessário não só no Brasil, mas em todo o mundo e medidas eficientes para barrar o tráfico ilegal de armas, como no caso Minin, são tão importantes quanto as decisões a serem tomadas em Nova York na reunião da ONU em 2006. Trata-se do novo tratado mundial sobre o controle do comércio de armas, cujas cotas militares deveriam ser estipuladas de forma mínima e justa entre todos os países para garantir a paz mundial.
O desarmamento é um processo que serve para quebrar o ciclo da violência e promover as condições para o desenvolvimento e a estabilidade sustentável de uma forma global.
Luzia Laffoux
Voluntária da Oxfam & estudante de
Política Social e Administração Pública da
Universidade Metropolitana de Londres